quinta-feira, 1 de julho de 2010


O Retrato de Dorian Gray, publicado em 1891, é o único romance da obra do escritor irlandês Oscar Wilde, que viveu de 1854 até 1900, e tornou-se um dos mais célebres de todos os tempos.
Descrito como um “dos clássicos modernos da Literatura Ocidental”, foi classificado pela BBC como 118 na lista dos 200 romances mais populares.
A história, situada na Inglaterra aristocrática do século XIX, gira em torno de um jovem que apaixona-se por sua própria imagem ao vê-la pintada em um quadro, (reproduzindo em águas novas o mito de Narciso) e faz um pedido para que não envelheça jamais, pois com o tempo perderia a beleza estonteante de seus traços. O suspense sobre seu fim começa quando estranhamente o pedido é atendido.
No entanto, o ponto forte da obra não está no suspense sobre o fim do garoto Dorian Gray, e sim nos diálogos costurados por belas descrições de ambiente e das pessoas ao redor.



Constantes citações a obras de outros artistas de todos os campos (música, artes plásticas, literatura, teatro, etc.) e devaneios estéticos e culturais são o mote principal desse delírio afrodisíaco do dândi rebelde Oscar Wilde.
O Retrato de Dorian Gray, além de sua óbvia crítica à vaidade soa como um mero pretexto para que o esnobe autor do livro possa agraciar seus leitores com suas sarcásticas e debochadas divagações acerca da moralidade de seu tempo (e porque não, de outros tantos tempos).
Os controversos e incoerentes pontos de vista dos personagens nada mais são do que o Retrato de Oscar Wilde, que concede a cada um deles, com toques claros de tintas fortes, um pouco de sua rica personalidade.
Os aforismos do autor retratam com tal sutileza de humor e espirituosidade o ridículo moral que regia e ainda rege complexas e pomposas sociedades, que este livro acabou por condená-lo à prisão não por suas críticas ao casamento e aos lords ingleses, mas pelo conteúdo homoerótico.



Nas palavras de Jorge Luis Borges, Oscar Wilde foi um homem que dedicou-se a “causar assombro com gravatas e metáforas”, conhecendo de perto todos os lados da vida. Apóstolo da frivolidade e hedonista convicto fez do momento e da experimentação sua grande obsessão, e tais aspectos são na verdade os grandes protagonistas de seu romance visual.
Após um polêmico relacionamento com Lord Alfred Douglas, foi condenado a 2 anos de prisão por “cometer atos imorais com diversos rapazes”. Depois de conhecer o glamour e a fama, morreu 3 anos depois ser libertado, pobre e abandonado por familiares e amigos.
Ficou sua excepcional capacidade de descrever a realidade através das palavras. “Sussurros ardis”, diria Chico Buarque.

Personagens:

Dorian Gray: Típico jovem rico e aristocrata da Inglaterra do século XIX, que no decorrer da obra vai transfigurando seus conceitos morais por influência do pensamento de Lord Henry, que se torna seu melhor amigo e confidente. Detentor de beleza física singular encanta homens e mulheres por conta de seus dotes, inclusive a ele mesmo.

Lord Henry: Alter-ego de Oscar Wilde. Aristocrata debochado e culto, que acaba gerando situações embaraçosas por suas divagações sobre a vida, sendo taxado de perverso por quem o conhece. Admirador e defensor convicto da beleza como a razão da vida se encanta pela personalidade de Dorian Gray e faz dele seu pupilo.



Basil Hallward: É quem apresenta Dorian Gray a Lord Henry. Pintor que segue as convicções morais da época, é o responsável pelo Retrato de Dorian Gray, que acaba gerando no jovem a vontade de não envelhecer jamais. Nutre por Dorian uma platônica paixão homossexual e faz dele seu ideal de beleza.

Sibyl Vane: Jovem atriz de teatro que se apresenta em uma pequena e pobre casa da época. Torna-se o grande amor de Dorian Gray, até que ele descobre a verdade sobre esse sentimento.

Ver também: Wilde (1997)

Filme sobre a vida de Oscar Wilde, dirigido por Brian Gilbert. Com Stephen Fry, Jude Law e Vanessa Redgrave no elenco.



Raphael Vidigal

3 comentários:

M. van Petten disse...

Sensacional.

Alessandra Rezende disse...

"Constantes citações a obras de outros artistas de todos os campos (música, artes plásticas, literatura, teatro, etc.) e devaneios estéticos e culturais são o mote principal desse delírio afrodisíaco do dândi rebelde Oscar Wilde".
Incrível !!!! Pela boa escolha das palavras e boa articulação das idéias q expos!

Queria colocar mais duas frases do seu texto para expor o quão vc é fantástico com as palavras! Mas eu ia me limitar a um pouco desse texto, que é inteiramente rico em arte, descrição e crítica!

Realmente, brilhante !!!!!!
BJoss!!!!

Diana Vidigal disse...

Muito boa sua crítica... eu li O Retrato de Dorian Gray e acredito que ele seja um dos personagens mais intrigantes que já conheci...

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